Alimentação saudável é tarefa dos pais

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Por Marisa Sei.

“Os pais devem dar o exemplo em casa”. Quase sempre, essa é a frase ouvida dos nutricionistas quando o assunto é a alimentação das crianças. Agora, uma pesquisa veio comprovar a relevância do papel dos pais: realizado pela nutricionista Roberta Alessandra Gaino, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com crianças de nove a 11 anos, o estudo mostrou que elas sabem da importância da alimentação saudável, mas como não escolhem o que é servido nas refeições, acabam muitas vezes alimentando-se de forma inadequada.

“Observo que as crianças têm um conhecimento básico sobre nutrição, porém limitados ao famoso ‘pode ou não pode’ ou ‘engorda ou não engorda’, conceitos presentes nos adultos também. Às vezes pergunto sobre determinados alimentos e a criança nunca ouviu falar, e quando questiono a mãe se são preparados em casa, a resposta é óbvia: ‘não’!”, narra o nutricionista Hugo Comparotto.

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Saúde para todos

Servir de espelho para as crianças é o primeiro passo, mas não o único. A jornalista Joelma Marino sempre cuidou da alimentação em casa, mas redobrou os cuidados quando descobriu a hipercolesterolemia familiar na filha Jackeline, de 9 anos. O problema é hereditário e causa aumento das taxas de colesterol, necessitando de tratamento com dieta, exercícios físicos e, muitas vezes, medicamentos. “Mexemos na alimentação, incluindo leite desnatado, frutas, e cortamos as bolachas recheadas. Meu marido emagreceu demais, e nem radicalizamos tanto!”, conta Joelma, que confessa adorar uma guloseima, mas evita consumir, e tem a sorte extra da filha não pedir muito por doces. Na casa da jornalista, todos seguem a mesma alimentação (saudável), o que deveria ser comum na maioria dos lares.

“Porém, algumas vezes observo pais com uma dieta saudável e a criança não. Relaciono isso à pouca instrução dos pais em estimular hábitos mais saudáveis, em que são necessárias estratégias de educação nutricional, saber fazer diferentes preparações onde incluam alimentos que a criança já consome e aqueles cujo consumo queremos estimular”, explica Hugo.

O ideal, para o especialista, seria inserir a matéria de nutrição na escola, ao mesmo tempo em que os pais procurassem saber mais sobre a importância da alimentação na vida infantil e como adaptar a dieta. Assim, haveria uma troca de conhecimentos em casa. “Algumas escolas já aderem à prática de cantinas e lanches saudáveis. A mãe não pode mandar sucos industrializados e biscoitos recheados, por exemplo”.

 

Reeducação familiar

Segundo o estudo da Unesp, as crianças estão abertas a novos conhecimentos sobre nutrição e compreendem o valor da alimentação saudável, mas presenciam uma contradição em casa. Por falta de tempo e pela facilidade no preparo, as famílias estão trocando produtos naturais pelos industrializados. “Vejo muitas mães sem saber o que dar aos filhos no lanche escolar e geralmente oferecem coisas rápidas e práticas, como bolachinhas (que mesmo na versão integral são ricas em sódio e açúcar), sucos industrializados, bolos, pães com margarina, barrinha de cereais”, revela o nutricionista.

Como não é a criança a responsável pela escolha, compra e preparo dos alimentos, ela acaba consumindo o que lhe é oferecido, e muitas vezes os pais, que têm esse papel, não sabem como agir.

 

Palavra de especialista

Para que os adultos evitem cometer erros na educação alimentar tanto dos filhos quanto deles mesmos, a nutricionista Elaine Pádua dá as dicas!

                * É permitido um dia ou outro mandar produtos industrializados no lanche da escola, mas ter isso como regra é pôr em risco a saúde da criança. No dia a dia, ofereça frutas, sucos naturais sem açúcar ou sanduíches com pão integral e sem molhos, por exemplo.

                * Jamais ofereça doces como recompensa. Quando a criança sentir necessidade de algum doce, ofereça frutas. A dica é picá-las de forma atrativa e consumi-las também, junto às crianças.

                * Eventualmente, leve os pequenos ao mercado e deixe-os escolherem verduras, legumes e frutas de sua preferência.

                * Procure ler revistas e artigos sobre alimentação saudável, para que seus próprios hábitos se modifiquem, e compre livros infantis que falem de alimentação saudável, assim os pequenos passam a simpatizar mais com os alimentos.

                * Evite o consumo de refrigerantes, mesmo os diet e light, e não dê a bebida às crianças.

                * Se o problema é tempo, já existem empresas que oferecem pratos congelados saudáveis e entregam em casa. No mercado, também é possível encontrar verduras e legumes já higienizados. Polpas de fruta congeladas são opções práticas: basta bater no liquidificador com água para render a bebida do lanche.

                * Sempre que possível, faça as refeições com a família reunida à mesa e mostre que gosta de consumir os alimentos saudáveis. Vale contar história com personagens, como o Popeye, explicar como as abelhas fazem o mel ou como os coelhos são fortes porque comem cenouras.

               

Entrevistados:

Hugo Comparotto, nutricionista

Elaine Pádua, nutricionista

 

Fonte:

Artigo desenvolvido pelo projeto NA MOCHILA, que em parceria com as escolas oferece uma revista por bimestre aos pais de alunos do ensino Infantil e Fundamental I.